Sete são presos em operação contra golpe do empréstimo consignado
09/07/2025
(Foto: Reprodução) Além do Rio de Janeiro, os mandados também estão sendo cumpridos no Acre, em Minas Gerais e em Santa Catarina. Operação mira fraude na portabilidade de empréstimos consignados
A Polícia Civil do RJ iniciou, na manhã desta quarta-feira (9), a Operação Falsa Portabilidade, contra um esquema que fraudava empréstimos consignados. Até a última atualização desta reportagem, 7 pessoas haviam sido presas — entre elas, Julia Garcia Domingues, filha do funkeiro Mr. Catra, morto em 2018.
Segundo as investigações, o grupo movimentou cerca de R$ 5 milhões nos últimos anos. Além do Rio de Janeiro, os mandados também estão sendo cumpridos no Acre, em Minas Gerais e em Santa Catarina.
Na capital fluminense, 6 pessoas foram presas. Em Santa Catarina, uma prisão foi confirmada. É Augusto Germano da Silva Kuntze, que, segundo a polícia, é o chefe do esquema criminoso.
Além de Julia, também foram presos:
Stefani Campos de Souza Silva
Ingrid Santana Fernandes
Thamires da Silva Cruz
Peterson Maffort Grillo
Júlio Cesar da Silva
Julia Garcia Domingues é uma das filhas do funkeiro MC. Catra
Charles Mathura/TV Globo
Como era o esquema
De acordo com a Polícia Civil, os criminosos induziam as vítimas — em sua maioria aposentados e pensionistas — a contratar um novo empréstimo, sob o falso argumento de que a operação seria necessária para quitar um contrato anterior.
Como atrativo, ofereciam supostas condições mais vantajosas, como juros mais baixos e prazos maiores para pagamento.
“Esses estelionatários se passavam por consultores financeiros e ofereciam propostas para reduzir os juros dos empréstimos. As vítimas, convencidas pelos golpistas, acabavam contratando novos empréstimos. No fim, ficavam com novas dívidas, enquanto os criminosos ficavam com o valor total do 2º contrato”, explicou a delegada Josy Lima Leal Ribeiro, titular da Delegacia de Defraudações do Rio.
A investigação apontou que o grupo era bem estruturado, com divisão de tarefas entre os integrantes — desde a abordagem das vítimas até a intermediação fraudulenta com instituições financeiras e a ocultação dos valores obtidos.
A polícia afirma que Julia Garcia emprestava suas contas bancárias para que o dinheiro das vítimas fosse depositado.
Segundo o delegado Gustavo Henrique da Silva Neves, da Polícia Civil do Acre, o grupo também falsificava documentos para conseguir os empréstimos. Ele destacou que uma única vítima teve um prejuízo de R$ 400 mil.
“O montante lesado de uma das vítimas foi de R$ 400 mil, mas há registros de vítimas em vários estados do Brasil. Conseguimos bloquear cerca de R$ 1 milhão em contas bancárias”, afirmou o delegado.
A defesa de Peterson, Ingrid, Thamires e Júlia diz que "encontra-se cerceada, na medida em que não foi autorizado pelo judiciário o acesso aos autos processuais, ao arrepio dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, observados no artigo 5, inciso LV, da CRFB".
Os advogados acrescentam que "no dia 09 de julho de 2025, foram surpreendidos em suas residências com forte aparato policial para cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido pela 1ª Vara Criminal de Rio Branco/AC. No mesmo dia a defesa técnica protocolou petição no processo, pedindo acesso aos autos com a finalidade de exercer seus direitos constitucionais, mas até o momento o juiz responsável não autorizou tal acesso".
Segundo a defesa, os quatro "estão acautelados, aguardando audiência de custódia, acreditando no cumprimento do princípio constitucional do devido processo legal, com fulcro no artigo 5, LIV, CRFB, para esclarecer acerca das imputações que recaem sobre eles. Por fim, destacamos o respeito à imprensa, e nos colocamos à disposição para dirimir quaisquer dúvidas que possam surgir no processo, que têm relevância social e impacto midiático".